Significado de um Japamala Partido


Um japamala pode partir quando é usado frequentemente, não só como um colar, mas também como uma ferramenta de meditação.

Todos os anos chegam-me alguns japamalas para reparar, uns pela utilização frequente, outros por falta de manutenção ou distracções quando chega a hora de o guardar. Tal como alguns clientes, também aprendi a lição e comecei a guardar os meus japamalas longe dos meus gatos que adoram franjas. Recebi também japamalas que perderam o brilho porque causa de humidades, outros foram a banhos e ficaram oxidados. Há ainda aqueles cujo tassel se soltou por estar sujeito àquele hábito de passar o dia a "enrolar" com os dedos as franjas do japamala.

Seja que situação for, é natural a pessoa ser invadida por um sentimento de tristeza quando vê o seu japamala partido. É então muito devastador quando o japamala está "carregado" com mantras, orações e práticas espirituais de meses ou anos. Ver aquela peça tão especial partida pode provocar sentimentos profundos de perda e despedaçar o coração e a alma, mas um japamala partido não é um acontecimento negativo.


Significado de um Japamala partido

Na tradição do budismo, do hinduísmo e até na prática do ioga, um japamala partido simboliza a quebra de um ciclo. Um ciclo de sofrimento, de descoberta espiritual e de libertação de karma. É um sinal positivo na continuação da longa caminhada espiritual e uma oportunidade auspiciosa para reflectir sobre as bençãos e lições recebidas. Lembra-nos ainda da impermanência da vida e consequente renovação e da importância do desapego.

Quando o japamala perde contas, cada uma das intenções, mantras e orações colocadas nele são libertadas para o Universo.

Contas de cristal ou madeira partidas podem, por um lado, simbolizar o fim de um ciclo, o terminar de uma fase que já não nos é adequada mostrando-nos que a sua energia já não é mais necessária. Por outro lado, as intenções colocadas nas contas podem não ser verdadeiras ou não estarem alinhadas com o seu Bem Supremo.


Tempo de reflectir

Depois de um japamala partir, ganha uma excelente oportunidade para reflectir sobre os eventos kármicos que antecederam e sucederam a ruptura do japamala. Crescer espiritualmente pode ser muito perceptível e dramático, mas frequentemente é tão subtil que precisamos de fazer uma pausa e reflectir sobre os acontecimentos. Tente recordar-se de como se sentia, mental, emocional e fisicamente quando comprou o seu japamala e como se sentia no momento em que se partiu. Faça também as seguintes reflexões:

- As intenções que colocou foram sentidas verdadeiramente?

- Tem um novo objectivo, plano ou propósito? Está a caminhar noutra direcção?

- Sente ansiedade, medo ou incertezas em relação ao seu futuro?

- Sente que algo se desmoronou na sua vida? Algum bloqueio que o está a impedir de seguir em frente?

- Eliminou alguma barreira ou bloqueio na sua vida?

- Existem apegos na sua vida que precisam de ser abandonados?

- Sente que as suas intenções foram cumpridas?

- Sente-se realizado e completo com a prática de um mantra?


Devo reparar o meu Japamala?

Depois do tempo que tirou para reflectir, deve sim reparar o seu japamala se sentir que ainda não está pronto para seguir em frente no seu caminho. Pode ser que se sinta tão profundamente vinculado a ele que deve trabalhar no desapego depois de estar reparado. Em qualquer um dos casos, deve sempre limpá-lo energeticamente e colocar-lhe novas intenções verdadeiramente sentidas para retomar a sua prática alinhada com essas intenções. 

Por outro lado, se sente que o japamala cumpriu as intenções que lhe colocou, que marcou claramente uma aprendizagem e um progresso e que fechou um ciclo na sua vida, deve optar por substituir o japamala por um novo e colocar-lhe novas intenções para um novo começo. Quanto ao japamala partido, pode enterrá-lo num vaso ou no jardim num ritual de desapego e de abandono das intenções ou pode oferecê-lo ao seu altar como uma lembrança do trabalho investido nele.

Os japamalas que não podem ser reparados porque sofreram danos irreversíveis são chamados no budismo tibetano de "resíduos do Dharma" e devem ser descartados com profundo cuidado e respeito. Os resíduos sagrados contêm ainda bençãos e energias positivas e por isso devem ser levados para um local sagrado, um mosteiro ou altar e oferecidos ou enterrados.

Outras tradições espirituais acreditam que um japamala partido jamais deve ser reparado para nova utilização porque o seu karma foi esgotado. No hinduísmo, é tradição depositar os japamalas partidos nos altares dos templos como oferendas em sinal de devoção e gratidão.


Conclusão

Em jeito de resumo, um japamala partido simboliza um progresso na jornada pessoal e caminho espiritual. É a manifestação de uma intenção conquistada ou abandonada por não servir mais o Bem Supremo. O seu propósito foi cumprido e deu lugar ao início de um novo ciclo.

Um japamala partido não é sinal de desgraça ou de má sorte nem sequer motivo para se sentir despedaçado perante aquilo que acha que é uma perda. É na verdade um sinal positivo de que as suas intenções foram realizadas e de que é o momento certo para colocar novas e preparar-se para receber novas energias na sua vida.

Pode despedir-se do seu japamala num ritual de desapego enquanto o enterra num vaso ou no jardim ou o oferece a um altar sagrado ou, se entender que ainda não se sente preparado para fechar o ciclo ou sente que ainda há algo a ser feito, pode contactar-nos para reparar o seu japamala e assim poder continuar o seu trabalho espiritual.



Fonte(s): Japamala Beads, Mala and Me, Coco & Lime

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