Kuan Yin, a Deusa da Grande Compaixão


Quem é Kuan Yin?

Kuan Yin é a Deusa da Grande Compaixão.

É um bodhisattva, ou seja, um ser que jurou levar todos os seres à felicidade. Em sânscrito é Avalokiteshvara, na China é Kuan Yin ou Kuan Shih Yin, no Japão é Kannon e no Tibete é Chenrezig.

Apesar dos seus traços predominantemente femininos, Kuan Yin é também vista como um ser masculino em alguns países.

O seu nome aparece em diversos sutras sendo os mais importantes o Sutra de Lótus, o Sutra da Contemplação do Buda da Vida Imensurável e o Sutra do Adorno Floral. Todos eles falam de como Kuan Yin pode ouvir as vozes de todos os seres que precisam de ajuda e de como faz tudo o que está em seu poder para ajudar esses seres.

Diz-se que houve um momento em que Kuan Yin desceu aos reinos do inferno e começou a libertar um a um os seres que lá se encontravam. Foi um trabalho difícil, mas os infernos não ficavam vazios e voltavam sempre a encher-se de novas almas. Isso deixou-a tão triste que chegou a explodir, literalmente. Logo, outros seres de luz surgiram para a recompor, mas sem saber onde fixar todas as partes. Assim, quando finalizaram Kuan Yin ficou com muitos braços e cabeças. Daí as 33 formas de Kuan Yin, com as suas múltiplas habilidades. No fim, chorou lágrimas coloridas que à medida que tocavam o chão transformavam-se em deusas Tara de diferentes cores que, desde então, têm vindo a ajudar Kuan Yin.

Kuan Yin não trabalha sozinha. Aparece frequentemente na companhia de outros seres de luz. Entre eles, está o Buda Amitabha. Quando alguém morre, Kuan Yin aproxima-se da alma do morto e ajuda-o a colocar-se sobre uma flor de lótus levando-a de seguida ao paraíso de Amitabha.

No Japão há diversas peregrinações a Kuan Yin. Desenvolveram-se quando os monges ambulantes levaram os ensinamentos libertadores de Kuan Yin para o povo e construíram muitas pequenas torres sagradas e templos para a realização de milagres. Ainda hoje é possível testemunhar os seus poderes de cura nesses lugares.


Lendas

A Lenda de Miao Shan

Um rei de uma província chinesa teve três filhas, a mais nova de nome Miao Shan que significa "virtude maravilhosa". No momento do seu nascimento, a terra tremeu e choveram flores do céu com um cheiro delicado que perfumou o ar à sua volta. Muitas pessoas afirmaram serem indícios de uma encarnação sagrada, mas o rei era ganancioso e tudo o que queria era adquirir toda a riqueza material possível e desprezava as acções virtuosas da sua filha. Miao Shan cresceu e seu pai ordenou o casamento ao que ela recusou dizendo que só se casaria se o matrimónio a ajudasse a libertar a humanidade do sofrimento. Se assim não fosse, não casaria e continuaria a sua prática espiritual para ajudar todos os seres sencientes. O rei, furioso, tentou puni-la ao obrigá-la a executar tarefas domésticas. As suas irmãs e mãe tentavam dissuadi-la a cumprir os desejos do pai, mas em vão. Assim, o rei enviou Miao Shan para um mosteiro ordenando às monjas a atribuir as tarefas mais árduas à sua filha para que esta mudasse de ideias e se submetesse à sua vontade. Miao Shan transportou madeiras, água e construiu até um jardim em terreno infértil. O seu coração era tão puro e cultivou com tanto amor que as flores brotaram tornando o jardim exuberante e mantendo todo o seu esplendor durante o inverno. Em pleno jardim e do nada, apareceu uma fonte, começando também a aparecer animais para ajudarem Maio Shan nas suas tarefas.

O rei, ao ouvir falar destes milagres, ficou furioso e ateou fogo ao mosteiro. Miao Shan ao ver o edifício em chamas, perfurou a língua com um gancho de cabelo começando a jorrar sangue e provocando uma tempestade. A chuva extinguiu o fogo e todas as monjas foram salvas. O rei recusando-se a desistir e disposto a acabar com a vida da filha, ordenou a sua execução. Mas todas as armas que tentaram, falharam. Espada após espada, flecha após flecha partiram-se ao tocar no seu corpo. De repente, o ar ficou muito calmo e surgiu um tigre branco que agarrou Miao Shan e se afastou num único salto gigante. Foi assim que Miao Shan conheceu Yama, o governador dos reinos do inferno que a conduziu às câmaras de onde se ouviam gritos de sofrimento de todos os seres. Miao Shan enviou-lhe a sua compaixão e assim, um por um, foram sendo libertados e os infernos encheram-se de luz, música e aromas maravilhosos, mas ali não havia lugar para Miao Shan e Yama teve que a enviar para longe oferecendo-lhe um pêssego da longevidade como presente. Miao Shan voou pelo ar até chegar à ilha de Putuo Shan onde permaneceu em meditação profunda durante anos. Durante este período, viveu apenas do orvalho da relva e do aroma das flores. Um dia visualizou a imagem do seu pai padecendo de uma doença grave e nos últimos momentos da sua vida.

No palácio apareceu um monge com a promessa de cura do rei, mas para isso necessitava de preparar um remédio especial contendo olhos e braços de um ser humano que nunca tenha experimentado raiva nem ódio e que vivia na ilha de Putuo Shan um ser com estas qualidades. O rei rapidamente enviou um mensageiro. Esse ser, Miao Shan, feliz por ajudar deu ao mensageiro os seus braços e olhos com os quais foi preparado o remédio e o rei recuperou a sua saúde. Logo depois foi tentar agradecer ao monge, mas este recusou e disse ao rei que quem merecia a sua gratidão era o ser que tão desinteressadamente ofereceu o seu próprio corpo para o salvar. O rei decidiu então viajar com a sua esposa até à ilha para conhecer o misterioso ser e assim que chegaram encontraram a caverna onde vivia e descobriram assim a sua filha Miao Shan. Do céu caíram flores, o ar encheu-se de um aroma delicado e a caverna foi banhada por uma luz brilhante quando Miao Shan se transformou na sua manifestação sagrada com mil olhos e braços e então flutuou para longe. Tornou-se a personificação mais pura da compaixão incondicional (Bodhisattva Kuan Yin). Os reis, em gratidão e humildade, iniciaram a sua própria prática espiritual e construíram um santuário em renda dedicado à sua filha e onde poderiam encontrar-se com ela. Hoje é conhecido como a Montanha Perfumada.



A Lenda da Deusa que se autosacrifica (do Templo de Nariaiji)

Há muitos anos, um monge vivia numa montanha remota onde hoje se localiza o Templo Nariaiji. O povo que morava no sopé da montanha levava-lhe sempre comida. Mas, certo inverno nevou tanto que os aldeões não conseguiram subir a montanha.

Quando estava para morrer de fome, o monge rezou à deusa Kuan Yin, cuja imagem estava no seu casebre, pedindo alimento suficiente apenas por mais um dia. Mal acabara de fazer o seu pedido, olhou para a rua e viu diante da porta um veado que fora morto por um lobo. Como monge budista, não lhe era permitido comer carne. Mas como esse alimento aparecera em resposta à sua oração, decidiu comê-lo e então cozinhou a sua coxa numa caçarola. Com essa refeição, recuperou as forças.

A neve derreteu e os habitantes da aldeia apressaram-se a subir a montanha para ver o monge. Assim que chegaram, encontraram alguns gravetos na caçarola e repararam que a coxa da imagem de Kuan Yin estava danificada. Correram imediatamente até ao monge para mostrar-lhe o que acontecera. Só então, o monge, compreendera o que Kuan Yin havia feito por ele e começou a chorar. Enquanto chorava, pôs-se a reparar a imagem imediatamente com os gravetos da caçarola, e fez tudo o que era possível para que não ficasse nenhum vestígio do dano causado.

O Templo de Nariaiji, cujo significado literal é Templo da Bela Perfeição, foi construído mais tarde na montanha e recebeu o nome dessa imagem graciosamente perfeita.


A Deusa da Cura do Templo Kokawadera

O caçador Ôtomo Kujiko chegou à região de Kokawa em 770 para caçar como forma de diversão.

Certa noite, viu uma luz brilhante na Montanha Kazuragi. Ao ser tocado por essa luz, sentiu um enorme remorso por matar animais sem nenhum motivo razoável. Então, construiu um pequeno casebre no mesmo lugar onde vira a luz. Certo dia, Kujiko recebeu a visita de um asceta em forma de criança que lhe pediu permissão para passar a noite ali. Na manhã seguinte, o asceta perguntou a Kujiko se ele tinha algum desejo ao que Kujiko respondeu que havia muito que desejava ter um altar da Deusa. Em resposta, o asceta esculpiu a imagem da Kuan Yin de 1000 braços durante 7 dias. Depois, desapareceu.

Aproximadamente na mesma época, a filha do rico Satafu, adoeceu gravemente. Embora a família fizesse de tudo para curá-la, o seu estado continuou tão desolador que não havia nada a fazer senão esperar pela morte. Inesperadamente, apareceu um asceta na forma de uma criança que a curou. Em sinal de gratidão, Satafu ofereceu inúmeros presentes que o asceta recusou. A única coisa que aceitou foi o hakama (saia-calça japonesa) tecido pela filha de Satafu. Disse que vivia em Kokawa na província de Nachi e desapareceu. No ano seguinte, Satafu foi com a filha a essa província a fim de localizar o asceta, mas nunca ninguém tinha ouvido falar de Kokawa nem do asceta. Nas proximidades, encontraram um pequeno rio que passaram a acompanhar pois Kokawa significa "pequeno rio" e logo chegaram ao casebre de Kujiko. Entraram e viram a imagem da Kuan Yin de 1000 braços onde de uma das suas mãos pendiam o hakama que haviam oferecido ao asceta. Assim, compreenderam que o pequeno asceta era uma manifestação da própria Deusa. Satafu tornou-se monge e mandou erguer um templo no local onde estava o casebre dando-lhe o nome de Kokawa Dera (Templo do Pequeno Rio). Ainda hoje, muitas pessoas fazem peregrinação a este local.


As 33 Manifestações de Kuan Yin


1. Yang Liu Kuan Yin, a Kuan Yin que segura o ramo de salgueiro com gotas de orvalho doce - símbolo do seu poder de cura


2. Long Tou Kuan Yin: a Kuan Yin que está sobre um dragão - símbolo do seu poder no domínio sobre as energias


3. Jing Chi Kuan Yin: a Kuan Yin que segura o Sutra Prajnaparamita - símbolo da Perfeição da Sabedoria


4. Guang Yuan Kuan Yin: a Kuan Yin de luz salutar - Símbolo da totalidade vasta da luz que expulsa todas astrevas e as sombras



5. Yu Xi Kuan Yin: a Kuan Yin lúdica, sempre feliz, a sorrir e de aspecto alegre - símbolo da felicidade



6. Bai Yi Kuan Yin: a Kuan Yin vestida de branco - símbolo da sua pureza



7. Lian Wo Kuan Yin: a Kuan Yin sentada numa folha de lótus - símbolo do seu domínio sobre os chakras



8. Long Jian Kuan Yin: a Kuan Yin que está próxima de cascatas ou água - símbolo do fluxo de energia e das cascatas de luz e benção vindas dos céus



9. Shi Yao Kuan Yin: a Kuan Yin que dá remédios - símbolo da doação de toda a cura, remédios e medicinas de todos os níveis



10. Lan Yu Kuan Yin: a Kuan Yin da cesta dos peixes - símbolo de abundância, prosperidade, fertilidade, amizade, casamento, de bem com a comunidade



11. De Kuan Yin Wang: a Kuan Yin do mérito ou virtude - símbolo do merecimento



12. Shui Yue Kuan Yin: A Kuan Yin da lua e da água - símbolo de domínio da emoção, o elemento água, sobre as imagens e aparências ou reflexos



13. Yi Ye Kuan Yin: a Kuan Yin de uma folha - símbolo do todo através de uma parte do Todo, porque cada parte tem um todo contido nela



14. Qing Jing Kuan Yin: a Kuan Yin do pescoço azul - símbolo de pacificação de todos os venenos - mentais, emocionais, físicos



15. De Wei Kuan Yin: A Kuan Yin poderosa e virtuosa



16. Yan Ming Kuan Yin: a Kuan Yin que dá longevidade, não só quantidade como qualidade de vida - símbolo de vida e força vital



17. Zhong Bao Kuan Yin: a Kuan Yin que traz tesouros de todos os tipos, incluindo tesouros escondidos em ensinamentos e benção - símbolo de ensinamento e benção



18. Yan Hu Kuan Yin: a Kuan Yin da Câmara Secreta - símbolo do domínio sobre a caverna do subconsciente e inconsciente



19. Ning Jing Kuan Yin: a Kuan Yin que produz calmantes trazendo harmonia, paz de corpo, mente e alma e ajuda a superar a raiva - símbolo da harmonia e pacificação



20. A Nou Kuan Yin: a Kuan Yin sentada numa pedra olhando para o mar para encontrar os seres em perigo - símbolo de protecção



21. A Mo Di Kuan Yin: a Kuan Yin como emanação do Buda Amoghasiddhi (um dos 5 Dhyani Budas) - símbolo do destemor



22. Ye Yi Kuan Yin: a Kuan Yin vestida de folha que concede cura como manifestação de carinho - símbolo de cura



23. Liu Li Kuan Yin: a Kuan Yin lapis-lazuli (cor da cura e da vida longa) - símbolo de cura dos Budas e Bodhisattvas



24. Do Lo Kuan Yin: a Kuan Yin emanada com a forma de Tara (a Deusa veloz na ajuda) - símbolo de rápida libertação



25. Ge Li Kuan Yin: a Kuan Yin do molusco - símbolo do poder de abrir ou fechar todos os objectos, situações, pessoas e energias, a operadora de milagres



26. Liu Shi Kuan Yin: a Kuan Yin de 6 horas (o antigo relógio chinês era dividido em 3 períodos de 6 horas) - símbolo do domínio do tempo e de protecção (Kuan Yin protege todo o dia e noite)



27. Pu Bei Kuan Yin: a Kuan Yin Todo compassiva - símbolo da compaixão universal



28. Ma Lang Fu Kuan Yin: a Kuan Yin esposa de Ma Lang (baseado numa lenda)



29. Ele Jang Kuan Yin: a Kuan Yin com as palmas das mãos unidas em oração - símbolo da harmonia e boa vontade para com os outros



30. Yi Ru Kuan Yin: a Kuan Yin da Unidade de todas as coisas, a que está sobre uma nuvem - símbolo da plenitude e integração de qualquer ser com Kuan Yin e do domínio sobre todas as energias



31. Er Bu Kuan Yin: a Kuan Yin da não-dualidade - símbolo da não-separação, divisão ou fragmentação de qualquer ser até mesmo de Kuan Yin



32. Lian Chi Kuan Yin: a Kuan Yin do símbolo de lótus - símbolo de domínio sobre os chakras



33. Sa Shui Kuan Yin: a Kuan Yin da água pura - símbolo da pura luz líquida e néctar




Mantras para Kuan Yin


NAMO GUAN SHIH YIN PUSA

É a invocação ao nome de Kuan Yin que significa literalmente "Refugio-me na Luz de Kuan Yin" ou "Chamo pelo Bodhisattva Kuan Yin, aquela que vê e ouve os lamentos do Mundo".

Cada sílaba contém o seguinte significado:

NAMO - Saúdo

GUAN - vê / observa

SHIH - mundo

YIN - ouve

PUSA - Bodhisattva


OM MANI PADME HUM

O mantra da compaixão que significa literalmente "Salve a Jóia no Lótus" e está associado à amada Kuan Yin, a deusa da Grande Compaixão.

É um mantra de invocação de Kuan Yin. Dalai Lama diz que a sua recitação liberta o corpo, palavras e mente impuras transformando-os num corpo puro e louvado e em palavras e mente de um Buda.

Cada sílaba contém um significado profundo:

OM - é a vibração do TODO, refere-se também ao Corpo dos Budas

MANI - a jóia espiritual que mora no coração (é o próprio espírito, a essência de Brahman).

PADME - lótus. É o chakra cardíaco que envolve energeticamente essa jóia subtil, refere-se a um lótus branco

HUM - a vibração da compaixão do TODO, refere-se também à Mente dos Budas


No Budismo Tibetano, OM MANI PADME HUM tem o seguinte significado:

OM - meditação / bem aventurança

MA - Paciência

NI - Disciplina

PAD - Sabedoria

ME - Generosidade

HUM - Diligência



Fonte(s): O Grande Livro de Símbolos do Reiki de Mark Hosak e Walter Lübeck, Kuan Yin: Accessing the Power Of the Divine Feminine de Daniela Schenker


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