Swastika - A Verdadeira História



A Swastika é um dos símbolos mais antigos de sempre, mas infelizmente ganhou grande popularidade durante a 2ª Guerra Mundial ao ser adoptada pelo partido nazista e associada ao fascismo e ao anti-semitismo.

A sua mancha na história é tão profunda que poucos conhecem o seu verdadeiro significado e atribuem a sua simbologia ao ódio.


A Swastika em nada tem relação com o mal. A raiz do seu nome "sv-asti" significa até bem-estar, boa sorte, sucesso e prosperidade.


A primeira aparição da Swastika surgiu na Ucrânia gravada numa peça de marfim com cerca de 12.000 anos, mas foi encontrada um pouco por todo o mundo, na Pérsia, no Paquistão, na Mesopotâmia e até mesmo em ruínas antigas de sinagogas judaicas. Vários povos e culturas a adoptaram tendo tornado a swastika num símbolo universal. 

Na cultura asiática pode ser vista em vários pontos das cidades e aldeias, sobretudo em templos. Muitas estátuas budistas contêm este símbolo esculpido nas mãos e pés simbolizando a natureza e a mente do Buda.

Na Índia, o símbolo foi encontrado em artefactos pertencentes à antiga civilização Harappan (da Idade do Bronze) na cidade de Mohenjo-Daro (Cidade dos Mortos) no Vale do Indo. Foi inicialmente associada ao deus Vishnu como o símbolo solar da sua roda de energia ou como a marca que adornava o seu peito também conhecida como Shrivatsa. Na arte indiana, Buda, como a nona encarnação de Vishnu, também é representado com uma swastika gravada no peito.

Na China antiga, a swastika (wan), onde a origem do símbolo também é reclamada, era originalmente um símbolo taoísta de eternidade, tendo sido mais tarde levada para o Japão onde pode ser vista em diversos templos, aliás, os mapas do Japão contêm uma swastika a assinalar os templos e santuários xintoístas. Os japoneses chamaram-lhe Manji, em que "man" significa 10.000, um número grande para representar a infinidade, já o "ji" é um sufixo, mas composto por um caractere simples de nome Caractere do Infinito.




Embora não existam dados concretos que apontem o local da sua origem, muitas teorias defendem fervorosamente que foi criado na Índia. A mais popular refere-se à swastika como um símbolo solar que representava o movimento do sol através dos quatro trimestres e estações. Também vista como o símbolo do fogo, era associada aos aranis védicos que consistiam em duas varas de madeira que criavam fogo sagrado através de fricção.

Outra teoria atribuía a este símbolo a interligação das sílabas da raiz "sv-asti", utilizando caracteres de um alfabeto antigo criado pelo imperador budista Ashoka (273-232 a.C.), à estrutura do monograma da swastika. Ainda nas teorias dos caracteres poderem ter dado forma ao símbolo, surge também na extinta língua pali a teoria de que as sílabas "su" e "ti" combinadas formavam o monograma.

Na tradição tibetana Bön, a swastika, chamada localmente de yungdrung, simboliza a indestrutibilidade, a base fundamental da existência, a luz, a natureza da mente, a eternidade ou a imutabilidade, que em essência, corresponde ao vajra budista. Tal como o símbolo do vajra indiano deu origem ao "caminho indestrutível" do budismo Vajrayana, também a swastika deu origem ao "caminho imutável" do Bön.




No Bön Tibetano, os quatro braços representam as quatro direcções ou, conjuntamente com o centro do símbolo, os cinco elementos purificados. No budismo Vajrayana representa o elemento terra e a sua estabilidade indestrutível e também é associada aos Cinco Dhyani Budas, os Cinco Budas Transcendentais.


Derivado ao grande tropeção na história e às tentativas de recuperar a beleza e bondade originais deste símbolo, muitos mitos foram criados e só vieram gerar confusão. Um deles, o maior mito, é a ideia de que a Swastika invertida contém um mau significado o que é profundamente errado. A Swastika não tem significados opostos consoante a sua orientação.

Na tradição Bön, a swastika roda somente no sentido anti-horário ao contrário do que acontece no Hinduísmo, no Budismo e no Jainismo.

No Japão é vista usualmente no sentido anti-horário, embora não seja invulgar encontrar o símbolo invertido. Em sentido horário, Ura Manji, representa a força e o intelecto e em anti-horário, Omote Manji, a compaixão infinita.

No Hinduísmo, a swastika é utilizada nos dois sentidos mas com simbologias muito distintas. No sentido horário representa os princípios masculinos do deus, o sol, um dos 108 símbolos de Vishnu. Já no sentido anti-horário, representa os princípios femininos da deusa, a lua, a noite, a magia. Também está associado à deusa Kali, a deusa da destruição (uma das representações de Parvati).

No Budismo, o sentido horário (swastika) reflecte a simbologia da tradição Bön e o sentido anti-horário (Sauwastika) representa as pegadas do Buda e os primeiros 65 símbolos auspiciosos. É este o símbolo mais usual gravado ou impresso no peito, nos pés e nas mãos do Buda e também era usado para marcar o início dos textos sagrados, especialmente aqueles contendo os ensinamentos e observações do próprio Shakyamuni.




Posto isto, onde foram os nazis encontrar a simbologia do ódio na swastika?

Acredita-se que a swastika tenha sido também um símbolo antigo dos arianos, um grupo étnico que se estabeleceu no planalto iraniano e no norte da Índia por volta do ano 3.000 a.C.. O termo ariano passou a descrever todos os povos originários das estepes da Ásia Ocidental, os indo-europeus, que se espalharam pela Europa.

Em 1870, quando Heinrich Schliemann pensou ter descoberto a antiga cidade grega de Tróia, foram encontradas mais de 1.800 suásticas. Como também foram encontradas entre vestígios arqueológicos das tribos germânicas, não demorou muito para que os nacionalistas concluíssem que os alemães e os gregos eram descendentes dos arianos.

Ora bem, Ariano vem do sânscrito "arya" que significa nobre, puro. Os racistas alemães acreditavam fervorosamente que o verdadeiro povo alemão era de nobre ascendência e que formavam uma "raça superior". Neste contexto, começaram a desenhar-se os contornos do anti-semitismo.

Em 1910, o poeta Guido Von List, racista e anti-semita assumido, apontou a suástica como o símbolo da identidade ariana. Não faltou muito para diversos movimentos da extrema-direita alemã começassem a adoptá-la como símbolo logo após a 1º Guerra Mundial.

Em 1920 foi criado o partido nacional nazista que adoptou o símbolo como seu emblema. Com os nazis a assumirem o poder, a cruz suástica (hakenkreuz) foi "reconstruída" para promover a ideologia de um estado racialmente puro e ganhou uma nova representação de cor preta sobre um círculo branco num fundo vermelho e com inclinação de 45º, "a ideia social do movimento, a ideia nacionalista e a missão da luta pela vitória dos arianos" (A. H. em Mein Kampf). Com o fim da 2ª Guerra Mundial, a suástica foi banida da Alemanha e de outra dezena de países.



Fonte(s): The Handbook of Tibetan Buddhist Symbols, Porchlight, The Conversation

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