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A origem do Olho Turco, também conhecido como "Nazar", "Olho Grego" ou "Evil Eye", remonta a várias culturas antigas que acreditavam no poder do olhar como uma força capaz de afetar positiva ou negativamente aqueles que o recebiam. Esta crença no "mau-olhado" tem raízes profundas em civilizações como a egípcia, a suméria e a romana, onde se pensava que certas pessoas, muitas vezes sem intenção, possuíam o poder de prejudicar ou amaldiçoar outros com um simples olhar invejoso ou admirado. Esta energia negativa, ou "mau-olhado", podia supostamente causar doenças, má sorte, acidentes ou até mesmo a morte. Assim, surgiram amuletos e práticas de proteção para bloquear esse efeito, e o Olho Turco, que continua popular especialmente na região da Anatólia, na Turquia, é um dos mais duradouros.
Acredita-se que os primeiros exemplares do Olho Turco foram criados por volta de 3.300 a.C., no Mediterrâneo Oriental. Naquela época, o vidro era um material raro e extremamente valorizado. Os artesãos descobriram que, com pigmentos e técnicas especiais, era possível produzir peças de vidro azul que, ao serem moldadas em círculos concêntricos, se assemelhavam a um olho. A cor azul foi escolhida não só pela beleza, mas também pela associação com a proteção, a tranquilidade e o céu — conceitos que acreditavam repelir energias negativas. Na Anatólia, a técnica de fabricação e a simbologia do olho foram refinadas ao longo dos séculos, transformando o amuleto numa peça icónica da cultura turca.
O conceito de mau-olhado é uma ideia universal, com variações em quase todas as culturas antigas, desde o Egipto até à Grécia e à Roma Antiga. Os egípcios acreditavam que certos símbolos podiam proteger o indivíduo contra o poder nocivo do olhar invejoso, como o famoso Olho de Hórus, que representava proteção, saúde e poder espiritual. Na Grécia Antiga, o "mau-olhado" era uma crença comum, e pessoas com olhos de cores incomuns, especialmente azuis, eram vistas com suspeita, pois acreditava-se que tinham mais propensão a "lançar" o mau-olhado. Assim, desenvolveram-se vários talismãs e amuletos, como o Nazar, para neutralizar essa energia prejudicial.
Com a expansão do Império Otomano, o uso do Nazar como amuleto espalhou-se por diversas regiões, ganhando popularidade em países do Médio Oriente, Norte de África e sul da Europa. No mundo islâmico, onde a ideia do "mau-olhado" é amplamente aceite, o Olho Turco tornou-se um símbolo importante. De acordo com tradições islâmicas, o mau-olhado pode ser transmitido mesmo que a pessoa que o "lança" não tenha intenção de prejudicar, bastando apenas a presença de sentimentos de inveja ou admiração desmedida. Para proteger contra esse tipo de energia, o Olho Turco foi adotado como um símbolo de vigilância contínua e uma forma de devolução de qualquer energia negativa ao remetente.
Hoje em dia, o Olho Turco é um dos símbolos mais representativos da Turquia e da sua herança cultural. Ele está presente nas casas, roupas, jóias, veículos e locais de trabalho, sendo uma forma de manter a tradição e honrar uma proteção espiritual que já atravessou milénios. Em festas de nascimento, casamentos e até em inaugurações de empresas, é comum presentear com um Nazar, como uma forma de desejar sorte, proteção e prosperidade aos que o recebem.
O Olho Turco carrega uma simbologia rica e complexa, que vai além de um simples amuleto contra o mau-olhado. Cada um dos seus elementos – a cor, o formato e o material – tem um significado específico e está associado a conceitos de proteção, clareza e retorno das energias negativas à sua origem.O azul é a cor predominante no Olho Turco, pois simboliza proteção, calma e serenidade. Esta cor também remete ao céu e ao mar, elementos naturais que evocam uma sensação de tranquilidade e estabilidade. Em várias culturas antigas, o azul era considerado uma cor protetora, capaz de afastar espíritos malignos e trazer paz ao portador. Além do azul, são comuns os detalhes em branco e preto. O branco simboliza a pureza, a clareza e a iluminação espiritual, reforçando a ideia de que o amuleto não repele apenas más intenções, mas também favorece um ambiente equilibrado. O preto, por outro lado, representa a absorção das energias negativas, funcionando como um "escudo" que impede que essas vibrações alcancem quem o usa. Ocasionalmente podem ter detalhes em dourado ou amarelo que intensificam a simbologia da iluminação e da proteção. Estas cores evocam o brilho do sol, estando associadas à clareza mental, à prosperidade e à vitalidade. O uso de dourado também é uma forma de enfatizar a preciosidade do amuleto, aumentando a sua força enquanto talismã de proteção.
A forma circular do Olho Turco é fundamental na sua simbologia. Representando o ciclo contínuo de proteção, o círculo sugere que qualquer energia negativa lançada ao portador será neutralizada e, idealmente, devolvida a quem a originou. Esta forma é também um símbolo de unidade e harmonia, significando que o portador está sempre "rodeado" por uma barreira energética. Em várias culturas, o círculo é uma representação da totalidade e da proteção divina, criando uma conexão entre o mundo material e o espiritual. No caso do Olho Turco, o círculo cria uma barreira completa e eficaz contra influências nocivas, formando um "escudo" permanente.
Tradicionalmente, o Nazar é feito de vidro soprado, uma técnica originária dos primeiros fabricantes de vidro na Anatólia. O processo é artesanal: o vidro é aquecido e trabalhado com pigmentos para criar os diferentes círculos de cor que formam o “olho”. O design de círculos concêntricos é cuidadosamente moldado para garantir a aparência “vigilante” do talismã.Actualmente, além do vidro, o nazar também pode ser feito em materiais como cerâmica, plástico, madeiras e até metais preciosos em joalharia. No entanto, o vidro continua a ser o material mais comum e tradicional, considerado o mais “poderoso” para o efeito protetor do olho.Relativamente às cores, embora o azul seja o mais popular, algumas culturas utilizam versões alternativas em verde, vermelho, cor-de-rosa, entre tantas outras. Contudo, o azul escuro permanece o mais comum, associado à proteção.
Uma das lendas populares sobre o Olho Turco remonta à Antiga Grécia. Conta-se que existia um homem poderoso e influente, com olhos de um azul profundo, que conseguia, apenas com um olhar, causar infortúnios e má sorte. As pessoas temiam cruzar-se com ele, pois diziam que a sua inveja era tão intensa que qualquer pessoa ou objeto a que lançasse o olhar sofreria imediatamente consequências nefastas. Para se protegerem, os aldeões começaram a criar amuletos com a imagem de um olho azul, acreditando que esta serviria como “espelho”, refletindo e anulando o poder do homem.
Já no folclore turco, existe uma história antiga sobre um rochedo que ninguém conseguia mover ou partir. O rochedo estava num local importante para a aldeia e causava vários problemas. Desesperados, os aldeões decidiram chamar um homem considerado um sábio e detentor de um "olhar forte", capaz de quebrar qualquer obstáculo. O homem aproximou-se e olhou fixamente para o rochedo, que começou a rachar e acabou por se desintegrar. Os aldeões acreditaram que o poder do seu “mau-olhado” era tão forte que poderia até destruir aquilo que ninguém conseguia. A partir desse evento, as pessoas começaram a usar olhos de vidro para se protegerem do poder do mau-olhado, acreditando que este poderia quebrar-se, como o rochedo, e absorver as energias negativas.
Outra lenda vem da cultura persa e conta a história de um príncipe invejoso que era assombrado pela sorte do seu irmão mais novo, que era o herdeiro do trono. Incapaz de conter a inveja, o príncipe tentou lançar o mau-olhado ao seu irmão através de um olhar fixo e intenso. No entanto, o irmão mais novo carregava consigo um talismã em forma de olho, feito especialmente por um místico, e o mau-olhado do príncipe voltou-se contra ele próprio, deixando-o doente e incapacitado. Desde então, na tradição persa, acredita-se que o mau-olhado pode causar um “reverso” de energia, e a imagem de um olho azul ficou associada à proteção contra essa inveja intensa.
Na cultura judaica, há uma lenda sobre Lilith, uma figura feminina que, segundo a tradição, teria poderes ocultos e era conhecida por lançar o mau-olhado em crianças e recém-nascidos. Para proteger os bebés, as famílias começaram a colocar olhos de vidro em berços e nas portas das casas, acreditando que o olhar vigilante e protetor destes amuletos afastaria qualquer má energia lançada por Lilith.
Em regiões rurais da Anatólia, há ainda uma lenda que fala de uma mulher chamada Gülizar, que se destacava pela sua beleza e sucesso na agricultura, o que causava inveja nas outras aldeãs. Sentindo-se afetada pelo mau-olhado, Gülizar pediu orientação a um velho sábio, que lhe entregou um amuleto com a forma de um olho azul. Diz-se que, desde então, Gülizar prosperou e nunca mais foi alvo da inveja das vizinhas. A história de Gülizar tornou-se conhecida e popularizou ainda mais o uso do Olho Turco como proteção.
Em países como a Turquia e a Grécia, o Olho Turco faz parte do dia-a-dia e é facilmente encontrado em diversos locais: pendurado nas portas de casas, dentro de residências, em veículos e utilizado como acessório pessoal. Muitas famílias penduram o Nazar nas roupas dos bebés, pois acreditam que estes são especialmente vulneráveis ao mau-olhado. Também é comum oferecer o amuleto como presente de casamento, simbolizando votos de proteção e um futuro próspero aos noivos. Aliás, oferecer um Olho Turco é uma forma de desejar boa sorte e proteção seja para que ocasião for, sendo uma oferta muito frequente em aniversários, inaugurações de casas e outros eventos importantes.Para garantir proteção, é habitual pendurar o Olho Turco na entrada das casas ou locais de trabalho, criando uma barreira contra energias externas indesejadas. Como amuleto pessoal, é usado em colares, pulseiras e anéis, formando uma espécie de proteção “portátil”. Muitos também colocam o Nazar em automóveis, confiando que o amuleto protege durante viagens.Uma curiosidade interessante é que, se um Olho Turco se partir, isso é interpretado como um sinal positivo: acredita-se que ele absorveu uma carga de energia negativa e cumpriu a sua função protetora. Neste caso, é comum substituir o amuleto para assegurar que a proteção continue ativa.
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